Não entenda mal

Este texto não pretende desestimular as empresas a usarem o Instagram como ferramenta de trabalho para conseguir ampliar sua rede de relacionamento. Nem pichar a rede social, simplesmente.

pichar o Instagram
Autor / Jensen Karlsson – Flickr

A ideia é compartilhar experiências negativas. Certamente, muitos dos problemas relatados à seguir tem uma solução. Porém, deixar de colocar nossos pés no chão e observar todas as nuances de cada canal, pode significar um caminho que custará muito caro em desgaste e dinheiro.

Menos papo, mais experiência

O autor deseja estimular a discussão com cautela. É notório no Marketing Digital quantos sites e profissionais exaltam qualidades e formas de obter um sucesso estrondoso nas redes sociais.

E como ficam as experiências negativas, que não dão resultado ou pior, gera desgaste e frustração? Temos que falar delas!

História

A rede surgiu em 2010 como aplicativo para iOS, apenas e somente em 2012, ano em que o app foi comprado pelo Facebook, foi disponibilizada versão android. Se tratava de um app para dar acabamento próprio a suas imagens, com filtros e um formato quadrado próprio.

Logo adotado por celebridades, a rede social de imagens ganhou milhões de adeptos, desdobrou-se com possibilidade de gravação de vídeos curtos, de publicação de imagens previamente editadas, servindo como um hub para publicação em outras redes por uma massa de pequenos negócios.

O primeiro contato

Desde o início entendi que o programa era um canal bacana para as pessoas aprimorarem fotos comuns de celular, vale lembrar que as câmeras nem chegavam perto da qualidade que temos hoje em dezenas de modelos.

Antes da compra pelo Facebook, era difícil para quem não tinha o app de iPhone acessar a rede e tudo que eu via eram apenas “fotinhas bacanas” de bebês, de viagens e baladas dos meus amigos abonados que podiam bancar um iPhone.

#1: Excesso de trivialidades

Post enquanto dirige pode causar acidentes!
Daily Mail – divulgação

E assim me deparei com o primeiro lado desagradável do Instagram. Até hoje, meia dúzia de anos depois, ainda me deparo com excesso de fotos que não precisavam existir. Com excesso de exposição, até mesmo de crianças que nem deveriam figurar em trajes mínimos nas redes.

Basta conferir as notícias, basta verificar hashtags chave, que agora podem ser acessadas até por quem não é assinante da rede para encontrar uma massa de fotos até perigosas para quem experimentou o momento.

Será que aquele prato de mexidão é mesmo interessante? Será que meu público está interessado em me ver contar uma piada? O que meus clientes vão pensar da loja ao se depararem com um vídeo semelhante aos gifs cômicos?

Abusando da  ironia ou pior, de acidez, neste texto, pretendemos chamar a atenção: é notório que o Instagram e outras redes dão voz à agentes sem conteúdo, à excesso de atuações.

Profissionais embarcam

No Brasil, o setor de academias e saúde abraçou o canal com toda a força e logo os profissionais do segmento notaram que poderiam aumentar sua autoridade ao postar movimentos, fórmulas, atividades, vestuário e muito mais para um número de seguidores crescente.

Assim seguiu o segmento da beleza e moda. Modelos com roupas, famosas com a sua marca, as joias da novela ao seu alcance. Blogueiras, ilustres desconhecidas, de vida boa, conseguem movimentar centenas de milhares de curtidas. Novos clientes, fama, sucesso para o famoso, sucesso pra marca, certo?

Certo para quem tinha conteúdo. Esforço frustrado para aqueles que pensavam que se deve postar conteúdo a qualquer custo. Conteúdo de mal gosto. Conteúdo de gosto discutível. E quem pode decidir isso?

Medir a satisfação da audiência
Stock Unlimited

O usuário é rei

A audiência. Oferecer diferentes tipos de posts. Imagem de modelo, frases, dicas, imagens de comportamento que façam parte do imaginário do seu público. O bom e velho empirismo baseado em criatividade. Perguntar e trocar mensagens com os clientes o que lhes agrada. Observar e medir mais ou menos curtidas. Observar retorno de anúncios.

E lembrar que esse deve ser um comportamento de metamorfose e aperfeiçoamento constante. É essencial refletir que devemos deixar de lado achismos e gosto pessoal, que às vezes tornam-se uma ditadura sobre o trabalho de Marketing Digital.

#2: Macetes e aplicativos para ganhar seguidores

Certa hashtag e certos usuários do Instagram, ao seguí-los, como por encanto, trariam dezenas de seguidores para seu perfil. Um raciocínio semelhante ao usado nas mandalas. Como nestas, é fácil perceber que se tratam de maneiras artificiais de conseguir um objetivo, no caso, seguidores.

Mesmo nem obtendo resultados pujantes, o autor notou em alguns clientes que sim, se ganhava, como por mágica, mais seguidores. Mas os resultados de vendas continuavam como estavam.

Pouco tempo depois, surgiu um programa – tomado como incrível – um esforço de programação e comercialização notável que nos faz pensar como poderia ter sido aplicado em um algoritmo com objetivos de impacto social.

Um carnaval de seguidores

Carnaval de seguidores
India7 – Flickr

O preço do programa era baixo e ele abria sua caixa de pandora para explicar: você ganha mais seguidores pois o programa seguia, segundo segmentos definidos por você, X pessoas por X tempo (para que o Instagram não bloqueie seu perfil: sim, ao menos era regra da rede seguir até certo número de usuários em dado tempo).

Quando elas o seguiam de volta, paulatinamente o programa automatizava o Instagram para deixar de seguí-los. Assim seu perfil exibiria orgulhosamente um número de dezenas de milhares de seguidores e seguiria poucos.

Seguidores que não interagem fazem compra?

Ok, admitamos, esses programas conseguiam angariar muitos seguidores. Porém, ao observá-los, notamos dezenas de nomes de perfis desconexos, comentários e curtidas estranhos. Havia uma quantidade de seguidores que pareciam bots, que não interagiam.

Pois bem, a pergunta estava na ponta da língua: adianta pequenos negócios obterem dezenas de milhares de seguidores que não compram? O argumento era de que ter muitos seguidores gerava respeito e a falta de um “muito” gerava efeito contrário.

Interação entre pessoas – e não mágica – geram leads

Fica mais esta crítica ácida e desconfortável ao Instagram. Permitir (ou demorar a reagir a) esse tipo de macete e aplicativo mancha a credibilidade da rede. Muitos profissionais estão torcendo o nariz quando encontram clientes que desejam usá-lo.

O Instagram é um belo canal de apoio, de divulgação, mas deve ser encarado de forma leve, com o propósito pelo qual foi criado: uma maneira divertida de mostrar com imagens bacanas de experiências, num primeiro momento de pessoas para pessoas, em um segundo, de pessoas para negócios, de negócios para possíveis clientes.

#3: Mistura entre vida pessoal e profissional

Este item acontece devido à nossa falta de cultura empreendedora. É muito comum que o empresário misture sua vida pessoal com a empresa. E sendo assim, seu Instagram pessoal também é o Instagram da empresa.

Temas no liquidificador

Ao verificar uma conta onde isso acontece prepare-se para ver imagens pessoais da família, ambiente da empresa, cachorros, pratos de comida, ações corporativas, orações, piadas, produtos da empresa, acidentes de trânsito e novos pontos de venda seguidos pela vovó de 102 anos.

Mais uma crítica ácida, porém fica a reflexão: como pode se construir uma autoridade em um segmento com essa mistura? A salada de fruta inspira algo terrível para o meio empresarial: bagunça. Separe perfis pessoais de profissionais. Por favor.

Desta mistura temos mais um lado que pode ser desastroso para os negócios.

#4: Polêmicas

Estamos vivendo um período conturbado de crises: de gestão, moral, econômica e de comportamento. A mistura citada anteriormente pode ocasionar algo frequente nas redes sociais do Brasil: polêmicas. Como nas outras redes, também é problema no Instagram.

Uma foto da nova moça da previsão do tempo negra escancara o preconceito. Uma zoada no time rival traz seguidores que desejam destruí-lo. A divulgação sensacionalista de um acidente de avião gera desconforto e revolta.

Tiro no pé do Marketing

Imagem com onomatopeia: tiro no pé do MKT da Netshoes
StockUnlimited

Já mencionamos em outro texto como uma simples mudança de preço pode gerar tamanho prejuízo à imagem da empresa. Não é pra evitar isso que temos bons profissionais de Marketing Digital?

Alguém criativo, estudioso, atento, que leia muito, com bagagem cultural certamente terá uma perspectiva ampla do mercado e muito menos chances de divulgar algo polêmico.

Aposte e confie nesse bom profissional e evite, como empresário, cair no comportamento do próximo item. Você que é profissional, observe se vale a pena o esforço empregado em ser reativo e refém de achismos.

#5: Excesso de controle

Excesso de controle
Stock Unlimited

A mistura do lado pessoal com profissional no Instagram pode ser solucionada com um perfil novo para o lado pessoal. Assim, mantêm-se os seguidores que se sabe, interagem, curtem, comentam e compram!

Neste ponto entra uma característica que às vezes invalida o trabalho do profissional de marketing simplesmente porque as horas e talentos gastos para chegar a uma publicação é incompatível com o preço que um pequeno negócio pode pagar.

Toque pessoal?

Há clientes que se convenceram de que as publicações da empresa (que praticamente É ele) devem transmitir totalmente seu sentimento, seu momento, sua inspiração. Isso é possível? Sim.

Podemos criar os textos e imagens juntos, profissional e cliente. Podemos ser inspirados com um belo briefing. Mas ficam as perguntas: o cliente tem tempo para se dedicar a isso remota ou pessoalmente?

As horas dos profissionais envolvidos e seu deslocamento serão pagos? Compensa ter um enorme esforço de publicidade e design com meia dúzia de idas e vindas para aprovação em uma peça que será apreciada por poucas pessoas em ínfimos segundos que vão gerar talvez nenhuma compra?

Peças rápidas

Vamos lembrar que o Instagram pede leveza, frequência e, como todo canal, conteúdo relevante mas fácil e rápido de se apreciar! Deve ser divertido fazer, igualmente.

Padronizar com logo e margens pode ser repetitivo. Há um ponto de equilíbrio: por que não mesclar postagens rápidas com postagens institucionais ou promocionais? Uma boa fórmula de sucesso pode ser não ter uma fórmula!

#6: Bugs

Rimblog – podem te pagar por descobrir bug!

O primeiro bug que o autor deparou foi ao publicar: textos que desformatavam e perdiam o destaque que as separações de frases proporcionam. Não podia-se controlar os textos e espaços como em outros canais que permitem interação HTML.

Claro que temos plataformas de publicação que sanam o problema do Instagram, mas é preciso pesquisar e por muito tempo (ainda acontece), era preciso agendar e terminar o envio à partir de smartphones, onde o operacional da agência ou o próprio profissional estivesse.

Lei de Murphy

Nem é preciso dizer que justamente no momento da publicação o autor já ficou sem internet no aparelho ou aconteceu algum problema mais sério. Não foi uma só vez, mas vários colegas já relataram momentos de lazer completamente arruinados por ter que lidar com problemas triviais, repetitivos, alguns irrelevantes mas épicos, colossais para certos clientes.

Fragilidade de estrutura

Há o relato de um problema no Instagram extremamente desagradável que foi causado por administrar mais de um perfil. Um bug em que um cliente via comentários de outro perfil dentro do seu próprio. Mesmo que não pudesse ser visto por seus seguidores, foi uma situação de, no mínimo, desgaste.

Além do bug, o Instagram não possui um suporte profissional como o Google ou, seu novo dono, o Facebook tem. Este é o principal motivo para muitos deixar a rede de lado. Se não há um tratamento dedicado aos profissionais que utilizam a plataforma, a plataforma não é profissional.

No frigir dos ovos

Não deposite apenas no Instagram a esperança para aumentar as vendas do seu pequeno negócio. O que faz isso é uma estratégia coordenada implementada em planos de ação, com canais de marketing sendo utilizados em sigergia, de acordo com o público.

O ideal a fazer é ajustar sua arma para o que seu público pede. Se temos pistas de que o esforço está funcionando, se temos resultados e interações que começam a render negócios, aí sim, vale a pena investir e valorizar o conteúdo.

Somente com tentativas você descobrirá como seu público interage, como ele atravessa os estágios do funil de vendas, como ele deve ser alimentado. Muita pesquisa, muita humildade, muito esforço, muito planejamento: seja cuidadoso ao operacionalizar, analisar, medir e mudar de rumos.

E reinvente seu Marketing como o Instagram tem se reinventado.

Parecer

Quero saber o que você achou. O lados sombrios procedem? Como seu negócio usa o Instagram? Como você contorna e usa a rede com seus clientes? Vamos compartilhar ideias!

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