Já faz alguns anos que a humanidade imagina seu futuro atrelado à cada vez mais tecnologia. As gravuras do artista francês Villemard, em 1910, já representavam os futuros anos 2000 com muitas geringonças intermediando as diversas atividades do cotidiano, como é um exemplo a gravura abaixo:

 

 

“Na escola” – série “Utopia”, de Villemard, 1910

 

 

De lá para cá imaginamos Jetsons, Minority Report, Matrix, Elysium e tantas outras produções sobre como será nosso futuro e como a tecnologia assumirá um papel central em tudo o que faremos. Hoje nós estamos muito próximos dessa realidade em que o universo digital se fundirá completamente às outras esferas da sociedade, mas como isso ocorrerá ainda é difícil de se imaginar para muitos de nós.

 

Eu estou falando do conceito de Smart City, uma ideia já em curso pelo mundo e que promete revolucionar a maneira como nos relacionamos entre nós mesmos, com as cidades e com as esferas digitais. Neste artigo, você descobrirá quais são os 05 grandes eixos que orientam essa nova organização social, segundo a INTELI, e como eles prometem transformar nossa realidade – num futuro muito, muito próximo.

 

 

Antes de tudo, por que “Smart City”?

 

“Smart City” quer dizer “Cidade Inteligente”, o que significa que é um projeto fundamentado em nosso próprio conceito de inteligência, que envolve as esferas: humana, coletiva e artificial.

 

  • A dimensão humana diz respeito às capacidades individuais de cada cidadão: sua criatividade, ou inventividade, para interagir e transformar a realidade no qual está inserido.
  • A dimensão coletiva tem a ver com a capacidade criativa de um grupo social: o conhecimento intelectual compartilhado, suas estruturas de organização e cooperação e as inovações sociais.
  • Já a dimensão artificial trata dos dispositivos artificiais inseridos no contexto social para intermediá-lo: as redes de comunicação, transportes, abastecimento etc.

 

 

Foto de Shutterstock.com
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Para a cidade ser inteligente, então, é necessário que ela se estruture através destas 03 dimensões. Essa utilização está sendo proposta como resposta ao modelo de desenvolvimento atual, que compromete nosso futuro ao esgotar recursos naturais, explorar as pessoas e utilizar mal a tecnologia disponível.

 

Conhecendo isso, podemos entender melhor porque foram definidos 05 novos eixos para orientar nossa organização social e porque eles podem nos levar a uma sociedade mais justa, eficiente e eficaz.

 

 

Os 5 pilares das Smart Cities: Inovação

 

Segundo o índice proposto pela INTELI (Inteligência em Inovação, de Portugal), a inovação no conceito da Smart City aborda as questões de criação de riqueza e geração de emprego. Isso engloba os setores econômicos das cidades, incluindo as economias criativa, verde e social.

 

Numa economia criativa, por exemplo, o processo vale mais que o produto, e são exemplos de áreas de atuação: a gastronomia, a arquitetura, o artesanato, a moda e a música. Aqui no Brasil, temos exemplos de mercados que utilizam a natureza e as tradições locais para produzir itens bastante valorizados no exterior. É a integração entre negócios, sustentabilidade e valorização cultural.

 

Foto de Shutterstock.com
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Os 5 pilares das Smart Cities: Sustentabilidade

 

Uma Smart City deve saber gerenciar seus recursos naturais para que eles atendam às demandas daquela sociedade. Isso inclui utilizar os recursos racionalmente, preservar o meio ambiente e manter o equilíbrio dos ecossistemas dentro do possível.

 

Aqui se enquadram questões como produção de energia sustentável, gestão da água, reciclagem e construções sustentáveis, já muito em voga – e que ficarão ainda mais.

 

 

Os 5 pilares das Smart Cities: Inclusão

 

A inclusão social deve agora ser levada ao nível do digital: serviços de saúde, educação, cultura e esportes, por exemplo, devem se integrar ao digital, e isso deve levar a um acesso mais facilitado aos serviços. Para tanto, a tecnologia deve trabalhar a serviço da integração social das camadas historicamente excluídas.

 

Além disso, são alvos da Smart City a diversidade cultural e o empreendedorismo social, no sentido em que buscam respeitar as diferenças, e ao mesmo tempo integrar as diversas camadas da sociedade.

 

Foto de Shutterstock.com
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Os 5 pilares das Smart Cities: Governação

 

Refere-se às políticas públicas, com destaque para a participação popular. A transparência e a eficiência do aparelho de governo devem ser aumentadas com o uso da inteligência coletiva, em um ambiente de grande estímulo às ações políticas.

 

Já encontramos alguns exemplos de investimentos em governação por aqui, como a modernização de processos burocráticos, a digitalização de ações públicas e o uso de redes sociais pelas instituições do governo.

 

 

Os 5 pilares das Smart Cities: Conectividade

 

A conectividade tem a ver com o nível de integração entre os setores das cidades e das próprias cidades entre si. A utilização da tecnologia é um ponto essencial para o sucesso da conectividade, sendo algo que transpassa todos os outros 04 pontos, como mostra o esquema abaixo:

 

 

smart-cities
Dimensões e sub-dimensões do Índice de Cidades Inteligentes – INTELI.

 

 

Como vimos, estes pilares da Smart City estão relacionados a soluções urbanas inteligentes, que podem funcionar de modo mais ou menos integrado. Mas o objetivo é que elas apareçam cada vez mais indissociáveis, envolvendo inovação, sustentabilidade, inclusão, governação e conectividade de maneira simultânea e também espontânea.

 

 

Quando viveremos em uma Smart City?

 

As Smart Cities estão em processo de estudo e fundamentação no mundo todo. Em Portugal, um dos países pioneiros, está em curso um programa de geração de conhecimento sobre as Smart Cities para gerar um plano de ação até 2020. A Europa organizou o “Smart Cities and Communities European Innovation Partnership” e já publicou o primeiro rascunho público do Plano de Implementação Operacional e o anexo operacional ao Plano de Execução Estratégica, que podem ser baixados aqui.

 

Nos Estados Unidos, existe desde 1997 o “World Foundation for Smart Communities”, um programa educacional para ajudar as comunidades em todo o mundo a entenderem melhor o papel da tecnologia, da criatividade e da inovação no desenvolvimento econômico.

 

E no Brasil, em 2012, a Rio+20 foi palco de ideias inovadoras sobre como utilizar melhor os recursos sociais, culturais e tecnológicos na construção de espaços mais igualitários.

 

As Smart Cities são nossa realidade mais próxima e provável e – felizmente – prometem um futuro com mais igualdade de acesso a produtos, serviços e tecnologias a favor da diversidade. Você já consegue se imaginar em uma “Smart City” assim?

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