Olha, eu não vou a eventos de marketing. Pra falar a verdade, não vou a nenhum evento que envolva seres humanos falantes num palco que não seja acompanhado de um fundo musical ou um script. Sempre desconfio dessa aura artificial que se forma em halls de hotéis. Networking? Definitivamente não é pra mim…

 

No entanto, qualquer convite do Digaí é uma ordem.

 

Removi as traças do gravador, guardei bloco e caneta no bolso e lá fui eu encarar a cobertura do Digitalks em Belo Horizonte, que marcou a última edição do ano desse fórum que já percorreu diversas capitais do país, com painéis e palestras que circundam o universo do marketing digital.

 

Bom, iria de marketólogo (uma palavra que nem sabia que existia)  disfarçado de jornalista – ou de jornalista disfarçado de marketólogo? Independentemente da designação, estava preparado para me desvencilhar de qualquer papo mole acerca de “como ganhar dinheiro com seu blog“. Quer saber como foi? Continue lendo!

 

 

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Mal cheguei e entrei no clima do Digitalks com a iluminação fosforescente – sim, nas cores da logo do Digitalks – e a trilha sequenciada de Bruno Mars (aliás, parabéns ao DJ de plantão). Saquei a senha: o evento do dia passaria longe do quesito doutrinação e papo-molismo (graças a Deus). O auditório do Ouro Minas, único 5 estrelas da capital mineira, estava lotado, mais de 200 pessoas entre estudantes, clientes, agências, empresas, marketólogos e até jornalista.

 

Ia tudo muito bem, uma moçada jovem e bonita totalmente disposta a absorver conhecimento em plena terça-feira útil – quando o intermediador do dia, com trejeitos de comediante stand up, Thiago Sarraf (Dr. E-Commerce) lançou a pergunta:

 

 

– Quem aí foi afetado pela crise? 

Um mar de mãos levantadas.

Quem não foi afetado pela crise?

 

 

Algumas mãos tímidas, porém resilientes, levantadas. E foi no embalo da crise econômica e na necessidade de “reinvenção” dos negócios que a série de palestras e painéis da edição mineira do Digitalks começou, contando com profissionais de renome de todo o país e o patrocínio de majors como IBM, Baidu e Twitter.

 

 

Agências x houses

“Agência é um médico que opera sem exame”

 

Uma interessantíssima “lavagem de roupa suja” entre agências e clientes ditou os primeiros debates sobre novidades do setor. A grande polêmica era: em função da crise, o que é mais barato, contratar uma agência ou investir em houses (equipe interna), conforme grandes contas internacionais passaram a fazer nos últimos meses?

 

  • Clientes se prontificaram a defender as houses, argumentando que não só eram mais baratas, como mais velozes e práticas. Um contra foi a dificuldade de desenvolver estratégias.
  • Agências se defenderam, dizendo que muitos clientes não sabem nem aquilo que querem e normalmente exigem da agência soluções mirabolantes de fora para dentro.

 

Nesse bate-boca, eclodiu o papel do consultor de negócios como alternativa viável e a maior qualificação dos clientes (muitos sequer sabem o que é marketing digital) e profissionais de agências (inclusive em matéria de gestão financeira) como forma de alinhar interesses.

 

Faz sentido, não? Fim do primeiro round!

 

 

Black Friday

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Sim, na onda da crise econômica, a Black Friday também entrou em pauta no painel sobre conversões, à revelia dos que torceram o nariz para as fraudes do tipo “leve um produto pela metade do dobro” e maquiagem de preços, conforme enquete informal realizada com o público do Digitalks. Os dados sobre o faturamento recorde da edição 2015 e o aumento do ticket médio para R$492,00 colocaram em xeque a tão alardeada recessão e a bronca dos consumidores presentes no local.

 

Os resultados embasaram a importância da conversão bem feita dentro da estratégia de marketing digital, principalmente em sites de vendas. Personas, conteúdo qualificado, testes A/B, otimização e funil de vendas entraram na discussão sobre como turbinar o e-commerce e fazer com que os clientes, cada vez mais proativos, de fato, comprem (e de preferência paguem os boletos, né?).

 

Bom, eu comprei o novo disco do New Order de R$37 por R$18. Nada a reclamar (mas ainda não recebi o CD, é preciso frisar!).

 

 

Nova experiência do cliente

 

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“Shift happens”

 

Na keynote de maior destaque do dia, Fernando Barra, especialista em Analytics da IBM, fez uma apresentação tão sucinta quanto explanativa acerca das novas experiências de consumo no meio digital.

 

Citando a evolução dos formatos de música na web, desde a comercialização pelo Itunes até a disponibilização via assinatura de streamings como Deezer e Spotify, Barra mostrou que as formas de interagir com o cliente final está sempre mudando, já que ele está focado em obter a melhor experiência. Basta dar uma olhada nas pequenas revoluções dos últimos anos:

 

  • Uber  – Quebrou a indústria de táxis;
  • WhatsApp – Revolucionou a telefonia móvel;
  • Waze – GPS levado a uma nova escala;
  • Netflix – Faturamento maior que Rede TV e Band juntas;
  • Spotify – Por pouco não inviabilizou o Itunes.

 

Barra ainda defendeu os algoritmos como melhor alternativa de se colher dados dos clientes e praticar a segmentação em favor da melhor experiência dentro de um processo que ele chamou de customer data experience (e que é similar às perguntas básicas do lead jornalístico):

 

  • Who? – Informações demográficas;
  • What? – Que tipos de produto/serviço o cliente consome;
  • How? – Que interações ele fez;
  • Why? – Atitudes, opiniões, desejos.

 

Impossível não lembrar de filmes sobre Inteligência Artificial. No ótimo “Ex-Machina“, por exemplo, o robô é alimentado com tantas informações que passa a ameaçar seus criadores. Não que venha ao caso aqui criar um exterminador do futuro, mas vale a pena dar uma olhadinha neste experimento da IBM, o robô Watson. Spooky

Quem quer leads?

 

Dois pesos pesados das mídias sociais, LinkedIn e Twitter, também marcaram presença no evento. Alienígenas escondidos no meio da plateia puderam entender um pouco mais sobre a funcionalidade e o tipo de conteúdo apropriado a essas redes, mas o mais interessante foi o fato de as duas empresas terem anunciado que entraram de vez na corrida por leads.

 

O Twitter, favorecido pela falta de censura que amplia o alcance e engajamento de qualquer publicação. Já a maior rede profissional da web, com cerca de 23 milhões de usuários só no Brasil, o LinkedIn divulgou o seu moderno “Lead acelerator“, que promete um funil de vendas “sem fissuras” para as empresas que desejam fazer campanhas na plataforma.

 

Se você ainda duvida do potencial de conversão do LinkedIn, vale destacar um dado relevante apresentado na palestra de Marcelo Marcondes, executivo de contas e soluções de marketing da empresa:

 

    • Os usuários do LinkedIn buscam conteúdo na plataforma 7 x mais do que procuram por emprego.

Hummmmm…..

 

Acima de tudo, o Digitalks BH demonstrou que 2016 será um ano de oportunidades, apesar de a crise ter tudo para recrudescer. O momento é propício para que os profissionais se especializem e potencializem sua capacidade de criar novas soluções para velhos problemas. No fim das contas, todo mundo precisa é de conhecimento, e, nesse quesito, o fórum tem se mostrado uma ótima ferramenta de aprendizado.

 

Fui embora feliz, menos perdido do que antes, com a cabeça cheia de ideias e a barriga, de cookies e coxinhas de catupiry que comi no exímio coffee break. E não é que até networking rolou?

 

 

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*Agradecimentos ao meu amigo Social Media Marcelo Gomes, que assistiu algumas palestras  para mim enquanto eu me entupia de Coca Zero do lado de fora.

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