O auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, recebeu nesta quarta-feira (24/02), o “Seminário Eleições 2016”. O evento foi gratuito e contou com a participação de parlamentares, cientistas políticos, especialistas em marketing digital e jornalistas.

Uma das pautas mais discutidas no momento, tanto na política, quanto na vida de quem trabalha nas agências de publicidade é: como as mudanças nas regras eleitorais irão afetar o trabalho de todo mundo para as campanhas municipais deste ano.

Vou deixar de lado detalhamentos da reforma política, porque meu objetivo não é burocratizar tudo aqui. Mas se tiver um tempinho não deixe de ler a Lei nº 13.165/2015, conhecida como Reforma Eleitoral 2015, para ficar por dentro.

Quero trazer para vocês, em primeira mão, alguns “insights” destinados aos que irão trabalhar no gerenciamento de campanhas.

 

Marketing Eleitoral em Tempos de Escassez

 

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O evento não iniciou com esta palestra, mas estou sintetizando aqui o que foi mais voltado neste Seminário à comunicação digital. O tema “Marketing Eleitoral em Tempos de Escassez”, ministrado por Carlos Colonnese, trouxe um desenho do cenário atual. Ele citou alguns fatores que influenciarão esta campanha eleitoral:

– Falta de tempo;

– Escassez de verbas;

– Pouco interesse dos eleitores pelo tema “Política”;

– 10 dias a menos de propaganda eleitoral;

– Proibição do uso de bonecos gigantes (“boneco de Olinda”);

– Redução das placas utilizadas em residências para 0,5 m²;

– Fim do financiamento empresarial. Ou seja, verba bem limitada para realizar a campanha;

Saindo do pode e não pode, vamos refletir como contornar essas limitações!

Para lidar com a redução do orçamento, a estratégia é fazer com que o militante se sinta participante da campanha e realize sua doação voluntariamente. O conceito de “você está financiando este candidato” é uma dica a ser esmiuçada.

Durante a campanha, alguns passos devem ser seguidos.

  • Faça com que o candidato seja conhecido: traga informações da biografia dele, aproxime as pessoas do lado humano (família, profissão, local do nascimento…);
  • Trabalhe para que ele seja aceito: cabe aqui trazer a vida pública do candidato. Quais os projetos que ele possui. As defesas e pontos de vista sobre alguns temas;
  • Por fim, faça com que ele seja admirado. Nesta etapa, a confiança das pessoas já foi construída e a construção do ídolo deve ser trabalhada.

 

Eleições Norte-Americanas: o que se aproveita

Não tem como discordar que o Marketing Político do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é um dos mais admirados do mundo.

E quais foram as estratégias utilizadas nos bastidores, para que ele se tornasse uma referência? Quem respondeu a essa pergunta foi o palestrante Lucas Aragão com a palavra chave segmentação!

Nos Estados Unidos é muito comum explorar nichos. A cultura  publicitária brasileira ainda está anos luz de diferença neste aspecto, ainda mais quando o tema é política.

Abro um parêntese para que você pesquise sobre Big Data. Entenda como cada usuário se comporta e produza um conteúdo segmentado para cada tipo de público. Quem dominar a aplicabilidade deste tema terá vantagens nestas eleições.

Além disso, fique atento a brechas que toda campanha deixa passar. Muita gente não pensa na abstenção das urnas. Quantas pessoas deixam de votar? Embora o voto seja facultativo, a multa é risória diante dessa obrigação. O eleitor prefere outros compromissos e acaba justificando o voto.

Incentive que eles compareçam no dia da votação. Um exemplo prático e recente disso foi a última campanha presidencial. O número de absenteísmo nas urnas foi muito maior do que os votos necessários para eleger Aécio Neves presidente. E não vimos nenhum grande partido trabalhando nessa abordagem. Apenas informes publicitários do TSE.

 

Campanhas eleitorais: a vez do digital

Marcelo Vitorino iniciou o seu discurso com uma profecia: as eleições de 2016 serão das redes sociais.

Vemos neste ano um público já alfabetizado digitalmente e um terreno de disseminação com baixo custo. Ou seja, temos a receita perfeita para emplacar de vez com o digital.

Larga na frente, quem aproveitou a brecha dada na reforma, para o lançamento das pré-candidaturas, pois no período da campanha, que é curtíssimo, é vedado o uso de mídia paga. Como sabemos, o orgânico é ínfimo em vista do número necessário de pessoas para visualizar determinada publicação.

Vale ressaltar que as redes sociais sozinhas não definem nenhuma campanha. É importantíssimo um trabalho integrado com os demais canais de comunicação.

Não adianta ficar respondendo os comentários dos usuários um a um e adotar isso como foco. Isso é importante, mas o que dita as regras são as estratégias digitais. Guarde bem uma palavra: pesquisa. O monitoramento dará esta visão ampla. Saber utilizar a inteligência no cruzamento de dados e a aplicação de ações que atendam as demandas apresentadas é o que irá definir um bom candidato.

E uma coisa não pode faltar: um banco de dados com uma base rica de e-mails! Isso é um tesouro para atingir quem interessa. Ei, mas fica uma dica: não faça spam. As pessoas tem que autorizar o recebimento deste tipo de informação. Senão, vai ser #fail. rs

Aproveito esta deixa para falar de whatsapp. Genteee prestem bem atenção aqui! Este é um canal muito, mas muito íntimo das pessoas. Então não vamos invadir a privacidade das pessoas, ok? Ah, mas tá bom. Você quer mesmo utilizar esta plataforma. Então envie um SMS pedindo autorização da pessoa. Se for sim a resposta, beleza!

 

A Nova Realidade das mídias e as Eleições

Para fechar com chave de ouro o Seminário, o jornalista e blogueiro, Ricardo Noblat, pincelou sobre a crise nos veículos de comunicação tradicionais.

Para se ter uma ideia, o Jornal Nacional perdeu 18% de audiência nos últimos 4 anos.

Fica uma pergunta: para onde está indo este público? Outras emissoras? Talvez. Mas não podemos diminuir o impacto das mídias digitais neste resultado.

Temos canais que olham hoje de forma mais respeitosa o usuário, e não de cima para baixo, como os grandes veículos o faziam até então.

Antes você tinha que convencer da importância que a internet tinha na comunicação de uma instituição. Hoje isso é fato! As pessoas já discerniram essa verdade.

E finalizo esse textão com uma reflexão: o eleitor não vota errado. É você que não informa em quem ele deve votar.

Vamos arregaçar as mangas e trabalhar nessas eleições?

Quais as suas expectativas para esta campanha? Digaí nos comentários! Vamos compartilhar dúvidas, dicas e experiências! 😉

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